domingo, 23 de novembro de 2008

PAI NOSSO DO SERINGUEIRO

Seringueira que estas na selva,
multiplicados sejam os vossos dias.
Venha a nós o vosso leite
e seja feita nossa borracha
assim na prensa como na caixa.
O sustento da nossa família nos dai hoje e todos os dias.
Perdoai nossa ingratidão,
assim como perdoamos a maldade do patrão.
Ajudai-nos a nos defender das garras do regatão.
Amém

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"Nós vivemos um tempo sem tempo,
nós não temos mais tempo pra nada.
O que precisamos aprender
é dizer o suficiente em poucas palavras,
que é exatamente o que o haikai nos ensina”.
Alice Ruiz

domingo, 3 de agosto de 2008

CORES E COMPOSIÇÕES VITREAS


Infografia
By Renata Enz - julho de 2008

domingo, 27 de julho de 2008

Três momentos




Nesse tempo de finalização da tese ando estimulado para incurções em outras áreas.
Sem ter muita consciência do processo, sinto uma alimentação reciproca entre a pintura e a escrita.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

hai kai

Pintura e foto: Jamila Wawzyniak

pássaro anuncia


a chuva vindo em núvens


bem-te-vi canta

quinta-feira, 17 de julho de 2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

DETALHES DA ARQUITETURA SANTARENA







Fotos: Eduardo Dourado
dududourado.blogspot.com



Rumo ao sumo
Disfarça, tem gente olhando.
Uns, olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Paulo Leminski (1944-1989)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ando e ando
Se hei de cair, que seja
entre os trevos

matsuo bashô




imagem enviada pela Ná

quinta-feira, 3 de julho de 2008

as coisas vão indo
sem ordem de preferência
apaixonado
Valentin Wawzyniak




abre o olho o pássaro

estou quieto só ouvindo

teu pestanejar




em tua mão suave

serena linha enlaça

voa o pensamento
EM ON E IN
E A
NA
EM ON
COM NA
FELIZ DE MIM
COM NA
EM ON
E IN
NA EM ON
E IN
DIZ
TE FIZ
FELIZ
ANDANDO MEIO A ESMO
PELAS VÁRIAS VIAS VIRTUAIS
ENCONTREI VOCE
flanando meio atoa
vim ver voce brincando
feliz estrela
reapareceu on
invadiu ondulante
fixou sentimento
Murakami-Saburo
poço onde

sapo diz posso

despossuo
pudendas
pudicas
pauliceias
Jamila Wawzyniak






polifônico

universo sonoro

uma floresta é

sábado, 14 de junho de 2008

Perolas da revisão

"Essa menina é filha biológica de uma das filhas de sua mulher com outro homem com quem viveu anteriormente."

domingo, 25 de maio de 2008

indo aos azuis




na tela branca
vai deslizar o pincel
sobretons de azul

sábado, 24 de maio de 2008

ciberflorespaço

astros reservam
o silício permite
olhos atraem






sábio é o tempo
ensina andar no mato
nele caminho

sábado, 17 de maio de 2008

hai kai

arte do parto
ajeitar para nascer
finalmente a luz

ANJO POLACO

IRENA SENDLEROWA (1910 - 2008)
Salvou 2500 crianças judias confinadas pelos nazistas alemães no gueto de Varsóvia.
Enquanto o industrial alemão Oskar Schindler, com escaramuças políticas conseguiu driblar o comando nazista em Cracóvia salvando cerca de 1800 judeus da câmaras de gás, uma jovem enfermeira polaca católica de Varsóvia salvou da morte 2.500 crianças judias da também fúria assassina alemã nazista. Não ganhou de Hollywood um filme épico. Nem o Norte-americano de origem judaica Steven Spielberg criou uma Lista de Sendlerowa, como fez com seu Lista de Schindler. Mas nem por isso, Irena Sendlerowa deixou de ser reconhecida no mundo todo. Durante aqueles anos de opressão a jovem polaca conseguiu retirar em sacos, crianças de bebês judeus do gueto de Varsóvia e entregá-los a famílias polacas católicas para adoção. Sacos escondidos embaixo de macas e ambulâncias e até através das galerias de esgotos da cidade. Ela própria providenciava certidões de nascimento e ensina aos maiores a balbuciar orações cristãs para assim poderem enganar os oficiais da Gestapo. A heroína polaca repetia que separar as crianças dos pais era de cortar o coração. Irena costumava lembrar aqueles terríveis dias contando: “Vimos cenas infernais, o pai concordar e a mãe não... A avó embalava ternamente o bebê, chorando amargamente, e negando-se a abandonar o neto fosse a que preço fosse. Houve dias em que o impossível era realmente impossível. Por vezes tínhamos que deixar estas infelizes famílias sem lhes levar os filhos”. Irena buscava famílias, que pudessem adotar como suas aqueles pequenos seres, mas estas também estavam sob o choque da guerra e nem sempre concordavam. Chorando, um menino perguntou certa vez a Irena: “Diga-me quantas mães consegue arranjar, porque esta já é a terceira para onde vou”.
A pena de morte para quem ajudasse judeus na Polônia ocupada pelos nazistas não bastou para deter a enfermeira, cuja profissão lhe permitia a grande possibilidade de entrar no gueto. Católica, Irena (cujo nome em código era Jolanta) decidiu mostrar sua solidariedade com o povo judeu usando a faixa obrigatória com a estrela de David quando entrava no gueto. “Fui educada acreditando que uma pessoa deve ser ajudada se está afogando-se, independentemente da religião ou da nacionalidade. Não somos heróis pelo fato de salvar crianças. De fato, a verdade é o contrário, e continuo a ter escrúpulos do pouco que fiz”.
Embora agindo com a proteção da Żegota (a resistência secreta, apoiada pelo governo polaco no exílio) e com inúmeros colaboradores, Irena era a única que cuidava, com grande risco, de manter e proteger estes arquivos. O desastre esteve iminente em outubro de 1943 quando um pelotão nazista chegou certa madrugada, revirou toda a casa e levou Irena para o quartel da Gestapo. Foi torturada, na tentativa de lhe obterem as informações. Partiram-lhe os ossos das pernas e dos pés, mas a sua boca não se abriu. “Ainda tenho marcas no corpo do que esses super-homens alemães me fizeram. Fui condenada à morte… Mas, além disso, havia também a ansiedade de, morrendo, desaparecer o único rasto dessas crianças”. Só que, sem ela saber, os seus amigos da Żegota trabalhavam por trás da cortina e, com um punhado de dólares, conseguiram subornar um oficial alemão para deixá-la fugir.
“É indescritível o que se sente a caminho da própria execução para só no derradeiro momento ver que se foi resgatado”. No dia seguinte, as autoridades alemãs, ainda sem saber de sua fuga, afixavam cartazes por toda Varsóvia anunciando que ela fora fuzilada. Depois disto, Irena passou a levar uma vida clandestina, com identidades falsas, escondida das vistas oficiais e sem poder voltar para casa. Quando sua mãe morreu, pouco depois dela escapar do pelotão de fuzilamento, apareceram agentes da Gestapo no funeral interrogando os parentes sobre a filha da morta.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

ZDZISLAW BEKSINSKI 1929 - 2005



























A MORTE NA ARTE DE BEKSINSKI

Ulisses Iarochinski


Beksiński foi um arquiteto, fotógrafo, pintor e artista do "fantástico". Nasceu em Sanok, pequena cidade no Sudeste da Polônia. Com exceção dos anos que passou na faculdade de arquitetura em Cracóvia, viveu quase toda a vida em sua vila. Ali desenvolveu sua arte e suas técnicas. Sem nunca ter saído da Polônia e tampouco falar outro idioma que não o polaco, acabou sendo reconhecido em todo o mundo e consequentemente se tornou a celebridade de sua pequena Sanok.

Buscando sossego se mudou para Varsóvia em 1977. Segundo ele, num centro cosmopolita acabaria passando despercebido e assim poderia se dedicar completamente a sua arte. A morbidez de suas fotos e quadros acabaria se transportando para sua vida pessoal. Sua esposa morreu em 1998 e seu único filho se suicidou no natal de 1999. O próprio Beksiński, em 2005, foi assassinado com 17 punhaladas, em sua própria casa, pelo filho do vigia do prédio onde morava. Beksiński tinha negado um empréstimo ao assassino Robert Kupiec, que acabou preso e cumpre pena de 25 anos de prisão. Mas o que importa mesmo é a sua arte e nela ele foi um mestre. Ele a classificava em dois estilos distintos, o "Barroco" e o "Gótico". O barroco, segundo ele, era dominado pela representação e o gótico através da forma. Entre as pinturas produzidas durante os últimos cinco anos, o estilo "Gótico" foi mais freqüente, tanto que o barroco praticamente desapareceu de seus quadros. Ele tinha uma maneira bastante peculiar de trabalhar. Ao som de músicas clássicas ele apoiava a tela sobre uma mesa, na horizontal, ou seja, diferente da maioria dos artistas que pintam em cavaletes com as telas na vertical, ligeiramente inclinadas.Para o diretor do Centro de Arte Contemporânea de Varsóvia,Wojciech Krukowski, a arte de Beksiński foi bastante específica, muito pessoal e definição de difícil significado. "Na sua cabeça a arte se dissipava, muito além da percepção dos críticos da arte pós-contemporânea". Para Edward Dwurnik, "as circunstâncias dramáticas de sua morte de certa maneira lembra a aurea de sua arte". Os críticos em geral, viam a onírica artisticidade como interpretação traumática de vida do artista durante a segunda guerra mundial, quando Beksiński morou muito próximo do gueto. http://www.iarochinski.blogspot.com/



Agradeço a amiga Renata Enz Rino por ter apresentado-me às obras de Beksinski.


sábado, 26 de abril de 2008

hai mundo

no espelho vi olho

cansado de olhar mundo

só mundo e mundo

RECICLAGEM CRIATIVA



Armadilhas confeccionadas por moradores da Prainha do Tapajós para pesca de camarão. Mudam os materiais, mantém-se a estrutura.
Gil Serique, escrevendo de Santarém, observa que se trata de "reuso criativo" e não propriamente reciclagem.

AGUARDANDO

tempo
tempo
tempo

quanto tempo

tempo dirá

Padroeira

Santa Filomena, padroeira da Prainha do Tapajós. Conforme relato dos moradores, a imagem foi doada a capela, na década de 1940, pelo proprietário da usina de extração de essência de pau-rosa, então instalada na comunidade. De lá sairam muitos tonéis dessa essência usada para fabricação do Chanel 5.

terça-feira, 15 de abril de 2008

COLEÇÃO

ENTRE FRASCOS DE POÇÕES OU MORADA DE ENCANTADOS UMA LATA DE GUARANA JESUS

REFRIGERANTE EMBLEMÁTICO

DESDE 1998 QUANDO VISITEI O MARANHÃO MANTENHO NA MINHA ESTANTE DE FRASCOS UMA LATA DESSE REFRIGERANTE.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

AVÔ BRINCANDO COM AS NETAS


bem humoradas
as netas examinam
careca do avô

poeta polaco

Polaly sie lzy me czyste, rzesiste,
Na me dziecinstwo sielskie, anielskie,
Na moja mlodosc górna i durna,
Na mój wiek meski, wiek kleski.
Na mój wiek meski, wiek kleski.
Polaly sie lzy me czyste, rzesiste...
(1839)


Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas,
Na minha infância campestre, celeste,
Na mocidade de alturas e loucuras,
Na minha idade adulta, idade de desdita;
Choveram-me lágrimas limpas ininterruptas...
(1979)


adam mickiewicz
tradução do polonês: paulo leminski
Polonaises
Curitiba 1980

CORAÇÃO DE POLACO

meu coração de polaco voltou
coração que meu avô
[meu pai no meu caso]
trouxe de longe pra mim
um coração esmagado
um coração pisoteado
um coração de poeta
paulo leminski

KATYN

WAJDA FAZ PARTE DA MINHA INFÂNCIA

KATYN - OUVI NA MINHA INFÂNCIA






"Gostaria que "Katyń" fosse um filme-alegoria", disse o cineasta Andrzej Wajda, durante simpósio internacional em Los Angeles, neste sábado, sobre os filmes estrangeiros nominados ao Oscar. No encontro que ocorreu no hollywoodiano Samuel Goldwyn Theater eram apresentados alguns minutos dos filmes nominados e em seguida os representantes destas produções respondiam perguntas dos participantes.Wajda falou entre outras coisas, que depende dele que "Katyń" não esteja baseado nas atuais relações Polônia e Rússia, mas sublinhou que a realização do filme foi determinado pelo tema que relata o massacre de 40 mil oficiais polacos pela União Soviética durante a segunda guerra mundial. Ele não gostaria de despertar novos antagonismos entre a Polônia e a Rússia, mas era preciso contar esta história que foi silenciada durante o último meio século, nos dois lados da cortina de ferro - tanto no Ocidente como no Leste Comunista. "É importante, lembrar que estes assassinatos foram cometidos contra a inteligência polaca. Stalin queria eliminar a elite intelectual polaca que existia no país. Por isto é tal e profunda, a dor. "Wajda lembrou ainda que o tema deste filme é bastante pessoal e doloroso para ele. Seu pai Jakub morreu em Katyń e sua mãe até o fim teve esperanças que o marido estivesse na lista dos sobreviventes deste terível massacre. "Esta é a verdadeira história da minha família." acrescentou o cinesta polaco."Katyń" como um dos cinco nomiados na categoria filme estrangeiro é o único que ainda não tem distribuidora nos Estados Unidos. "Mas quem sabe amanhã isto aconteça... mas quem sabe!" disse Wajda.
Conheci um sobrevivente amigo do meu pai, que um dia disse-me: "Eu não tenho medo do inferno. Eu já estive nele". Este "tio" foi levado como prisioneiro para a Sibéria de onde conseguiu fugir. Vivia em Curitiba como porteiro de um prédio. Atormentado, mantinha armas sob o travesseiro. Outra lembrança é mais pueril. Ele comprou-me um picolé quando fomos visitá-lo em sua casa. Não sei se ainda está vivo ou foi para Alheres do Sul.
Dolina zwierząt ciemna tak, że giną drzewa,
A cisza jest jak okna dalekiego blask.
Czai się w niej zagłady, ognista ulewa,
Księżyc dzwoni za chmurą jak nad grobem kask.

Vale dos animais está tão escuro, que as árvores estão sumidas.
E o silêncio é tal qual o resplendor de uma janela distante
Encanta-se nela extermínio, ardente de uma tormenta
A Lua clama atrás das nuvens tal qual próxima ao elmo sepulcral

Stanisław Skoneczny
Tradução: Ulisses Iarochinski

hai kai

ouvir lembranças
músicas polonesas
tapajônico eco

Estante da casa de polaco tapajônico

Discretas similaridades diacríticas
Interior da casa de imigrantes poloneses no interior do Paraná
Foto: João Urban

Polaco no Tapajós

Cassimiro Dombrowsky, filho de polaco, nasceu numa pequena propriedade rural do interior de Santa Catarina e, como muitos, acreditando na proparganda do governo, foi tentar a sorte nos projetos de colonização na Amazônia. Chegou a ter um modulo na Transamazônica, mas as precárias condições obrigaram-no, juntamente com a família, a procurar por novos lugares. Chegou ao Tapajós no início da década de 1980, indo morar na comunidade Nuquini situada a margem esquerda do rio. Como o lote que ocupava ficava distante do rio resolveu transferir-se para outra. Mudou-se então para a margem direita onde fixou residência em Acaratinga, à época denominada Caxiricatuba. Polaco, como é conhecido entre os ribeirinhos tapajônicos, tornou-se uma liderança política no enfrentamento com o Ibdf no período que o órgão federal pretendia retirar os moradores tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós. A partir da avaliação do fracasso dos projetos de colonização por onde passou resolveu optar por viver de acordo com o estilo de vida dos ribeirinhos. Engerou-se em caboclo sem perder a polonidade que cultiva falando em polonês com os filhos. Muito brincalhão e um grande contador de "mentiras" sempre me cumprimentava em polonês quando nos encontravamos. Seus filhos casaram-se com mulheres caboclas. Carlos Dombrowsky, filho mais velho, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém e posteriormente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Belterra. Na foto vemos Polaco, sua esposa, o filho mais novo, noras e netos.

Foto: Renata Enz Rino

QUEM SOU EU

Londrina, Paraná, Brazil
Antropólogo e professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina. Agrada-me pintar, fotografar, ler e escrever.

ARTE

"O mesmo objeto pode expressar significados diferentes para diferentes sujeitos, ou para um mesmo sujeito em diferentes momentos... É a relação com a fantasia do sujeito que o objeto relacional se define... " Lygia Clark

"É o espectador que realiza a obra". Marcel Duchamp

"Ver um mundo num grão de areia". William Blake

"Fui à floresta porque queria viver profundamente... e sugar a essência da vida". Thoureau

Museu do Olho. Curitiba, 23 de fevereiro de 2008.

HAI KAI

Hai Kai - "É um poema sintético com a menor forma de traduzir em palavras o sentimento que vai na alma ... é o leitor que faz da imperfeição ... uma perfeição de arte ... é uma obra aberta". Yone Noguchi - The spirit of japonese poetry.

NOTAÇÕES