quinta-feira, 28 de junho de 2007

MÚSICA

Laiana, minha filha, enviou músicas cubanas. Finalizei a organização dos dados de campo ouvindo-as.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

ENTRELAÇAMENTO DE REDES

redes atadas
no interior de um barco
viagem ribeirinha





terça-feira, 26 de junho de 2007

UMA HOMENAGEM À ANALÓGICA

Só tem um jeito, tirar minha foto no espelho do barco.

Em junho, com ele, um pescador
indo para uma reunião da
Colonia de Pescadores em Santarém,
atravessei o Tapajós numa bajara.
Duas horas de viagem entre
Jauarituba e Jamaraquá. O medo
aumentou quando o
motor parou no meio do rio.

E se o vento virar?


Essa foto foi tirada posteriormente no interior de um barco de linha.

HORA DO ALMOÇO

Tucupi na farinha e peixe frito. D. Lili hospedou-me
com muito cuidado, pois nem sempre eu chegava no horário.


PARCEIRO

Invenção de instrumento musical na sala-biblioteca
do apartamento em Londrina.







Leo desenha

enquanto organizo

a viagem de campo.

INFOGRAFIA


FÉ NO REMÉDIO DA FÉ



"O que cura

é a fé"

HAI KAI

pra todo lado
na floresta tem demais
é cunauaru




silêncio de sapo
cai na boca da noite
sinal de chuva

CUNAUARU

"Cunauaru se engera pra bicho. Ele se transforma em outro animal. Qualquer tipo de animal, mas ele a gente vê. O mato tem todo tipo de animal perigoso. Ele é perigoso, mas não é tanto assim. Cunauaru é um sapo pequeno que se transforma em bicho grande. Quando ele tá brabo ele se transforma, só que é difícil ele faze manisfestação com o ser humano. É só no serviço dele. O serviço dele é só cantar mesmo. É difícil ver a pessoa judiada por ele. Se ele fosse um animal brabo ninguém caçava mais porque nessa floresta tem demais. Na floresta é grito de Cunauaru pra todo lado".
(Lino - morador da Prainha do Tapajós)

sexta-feira, 22 de junho de 2007

HAI KAI

chuva vai chegar
núvem está passando
vento empurrou ela








HAI KAI

ENCOBERTO CÉU
PLÚMBEA ÁGUA DO TAPAJÓS
PESADAS NÚVENS

quinta-feira, 21 de junho de 2007

FESTA NO PARAÍSO



Barcos no porto de Paraíso no dia do torneio e da festa


Paraíso é uma comunidade localizada no perímetro da Floresta Nacional do Tapajos. Está situada à margem direita do rio Tapajós e é formada por aproximadamente dez famílias vinculadas entre si pelo parentesco.
Na foto vemos o barracão onde, a noite, foi realizada afesta dançante.



Nem todos os torcedores prestam atenção no jogo.
As bolas são adquiridas na cidade de Santarém
e transportadas nos barcos até as comunidades.

Barcos atracados no porto da comunidade de Paraíso no dia do torneio de futebol e da festa dançante. Vieram jogadores e torcedores de diferentes localidades situadas às margens do rio Tapajós

terça-feira, 19 de junho de 2007

TUDO FALAVA COM A GENTE

Tudo falava com a gente. Eram os bichos. Era... Qualquer coisa. Nos começo. No tempo dos pagão. Dizem... A gente não podia brincar aí no mato e dize assim: ah, eu queria vê uma mulher hoje vim dormir comigo. Se aparecia. Eu queria vê o fulano, se aparecia. Eu não posso dizer que é verdade porque não vi, mas muitos contavam. Eu sempre escutava as histórias que os velhos contavam. Os bichos falavam. Eu não posso dizer que é mentira, nem posso dize que é verdade, porque eu nunca vi. Mas muitos antigos falavam, conversavam que todos os bichos... Ia no mato se dize assim: a coruja falasse, cantasse... Que tem uma coruja que grita igual um homem no mato de noite. O sapo Cunauaru diz que é feiticeiro. A Curupira ela se apresentava. A guariba também. Tudo que existe no mato eu ouvi fala que... A gente não podia fala nada em brincadeira. A guariba moqueada ela cuidava da casa do cara. Transformava em mulher. Cuidava das coisas dele. Lavava roupa dele, fazia comida, varia a casa, fazia café. E nunca que ele descobria quem era. Até que um dia ele se escondeu e viu que ela saia dum paneiro pra faze as coisas pra ele. Aí que ela quis se espantar... Tinha agarrado ela e... Aí ela foi fico mulher dele. Aí o que acabo com todo plano dele foi dele achar graça da família dela. Ela disse: olha eu gosto muito de ti, mas eu tenho certeza que eu quero te levar lá com meus parente, mas... não vai dar certo. Eu tenho certeza que nós vamos se deixar nesse dia porque tu vai achar graça da minha família. Que a guariba, antes dele começar a comer, ele tem que rezar e antes que dormir tem que reza. Ele achou graça porque eram os macacos sentados e cantando. Quando o bicho... Quando o bicho começou a cantar ele achou graça... Que ele presto atenção ele estava no galho de um angelinzeiro muito alto. E aí como é pra ele desce? O capelão desceu ele. Mas ele desencatou a filha dele. Quer dizer a filha dele ficou do mesmo jeito encantada. E são essas coisas.
(Rui - Comunidade de Paraíso/Rio Tapajós)

PARTES DE ANIMAIS PARA COMPOSIÇÃO DE REMÉDIOS


MULHER E FILHO SALVOS PELO SAPO CUNAUARU

Era um camarada que morava no centro. Só ele e a esposa dele. Quando foi um dia, um tempo, ela deu à luz um menino. Meninozinho. Aí tava recém nascido. Aí ele foi... Disse, mulher vou ver se mato uma caça hoje. Aí foi caçar. Semana em semana ele matava uma caça pra eles comerem. Só morava ela e ele, depois apareceu o filho. Aí ele foi pro mato nesse dia. Foi pro mato. Quando lá, o Jurupari mato ele. Jurupari mato ele. Aí quando foi já de noite... A mulher muito apavorada esperando pelo marido. Aí chegou ele e disse: Mulher! Oi.. Aí chego o homem. Olha, eu trouxe um quarto de veado aqui pra ti fazer a janta. Aí a mulher saiu, deixou a criança lá na rede. Veio vê era o quarto do marido dela.
Ele disse cadê o menino?
Ta aqui.
Aí ele pegou o menino. Quando colocou no braço. Aí dormiu. Aí dormiu. Aí ela pegou um bocado de breu que o marido dela tinha num canto. Colocou num tacho. Tacho pequeno. Aí derreteu. Aí ela foi devagar, tiro o menino do braço do bicho. Colocou na rede dela. Aí foi, derramou o breu. Tava dormindo de boca aberta. Derramou o breu na boca dele. Derramou na boca do Jurupari. Aí pegou o menino e correu caminho da bera. Aí o bicho já vinha gritando. Queimado, mas vinha gritando atrás dela. Aí tinha os Cunauaru cantando assim.
Aí ela disse assim: ô Cuanauaru se tu fosse gente tu me valia com meu filho que esse bicho vai me comer. Me salvava dessa... Do bicho não me come. Me salvava. Andou um pedacinho quando ele viu. Ei! Quem é que fala? E o bicho já vinha perto. Sô eu que to pedindo socorro aí pro coisa... Pro Cunauaru que me de um abrigo pra me esconde desse bicho. Que esse bicho vai me comer com meu filho. Eu não tenho pena tanto de mim como tenho de meu filho. Se me comesse tudo bem, mas comer eu e meu filho. Aí ele disse, pois não, pode entra pra cá. Aí diz que ela olho era uma casa grande. Aí ela entrou pra lá. Deus que nós vamos matar o bicho. Aí fechou a casa, eles foram pra lá, mataram o bicho. Quando foi de manhã ela foi vê o bicho. Ela disse vem vê o bicho que comeu seu marido. Já estava morto. Ela disse e agora. Agora você vá embora pra sua casa. Não pra casa, a senhora baixe pra bera. Aí acompanharam ela aquele pessoal. Era muita gente. Pegaram as coisas dela, levaram e deixaram na casa dela. Aí voltaram. Aí quando foi noutro dia ela veio. Pensou. Convidou os parentes dela, do marido dela e vieram buscar as coisa dele daí do centro. Chegaram lá na paragem não viram casa, não viram nada. Viram só um pauzão onde era a casa deles. Do Cunauaru. Lá morava tudo que era Cunauaru. Se transformaram tudo em gente e levaram ela lá na casa dela.
(Rui - Comunidade de Paraíso - Rio Tapajós)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

domingo, 17 de junho de 2007



Não iluminou

o suficiente.

















AO HORIZONTE
APONTA PROA
EMPINADA
Transportando passageiros e farinha para embarcar no barco de linha.
Aguardando a chegada do barco.


Passageiros de uma das comunidades da margem esquerda do rio Tapajós num dos barcos de linha que navega entre Santarém e Aveiro.

ELEMENTO DE DECORAÇÃO


sábado, 16 de junho de 2007

CONTRA INVEJA


Crânio de macaco prego pendurado no batente da porta de uma casa para afastar a malinação dos invejosos.

NO BARCO


Durante a viagem de barco também se pode encontrar uma puxadora de outra comunidade para aliviar a dor provocada pela dismintidura.

PUXANDO DISMINTIDURA


"Puxador puxa o osso ou o nervo pro lugar"

CAIXA DE FERRAMENTAS DO CARPINTEIRO


CONSTRUÇÃO DE CANOAS


VENDEDOR DE REMÉDIOS


HAI KAI


IRIS E CORES
ARCOS PARALELOS
NAS ÁGUAS DO RIO

ENSINAMENTO

NO MATO
NINGUÉM BRINCA COM O MATO
É MUITO PERIGOSO
SE AS PAREDES TÊM OUVIDOS
O MATO TEM OLHOS

UMA RECEITA

Laurelino Cruz, falecido em 1998, foi um "curador poderoso para os casos de mau-olhado de bicho". Residia na comunidade de Taquara. Seu poder de curar é ainda amplamente reconhecido pelos moradores das duas margens do rio Tapajós.
Foto de uma receita "ensinada" por ele para tirar panema de caçador.

HAI KAI

A GENTE FICA PENSANDO
AÍ, VAI, VAI ,VAI
É JUÍZO PRA TODO LADO


CHUVA RODANDO
QUANDO SUJEITO DÁ FÉ
CHOVE PRA TODO LADO

BARRACA DE INGREDIENTES PARA REMÉDIOS


INGREDIENTES PARA REMÉDIO


IMPORTANTE É A CURA


PLANTA SEMPRE PRESENTE



Foto: Renata Enz Rino

QUEM SOU EU

Londrina, Paraná, Brazil
Antropólogo e professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina. Agrada-me pintar, fotografar, ler e escrever.

ARTE

"O mesmo objeto pode expressar significados diferentes para diferentes sujeitos, ou para um mesmo sujeito em diferentes momentos... É a relação com a fantasia do sujeito que o objeto relacional se define... " Lygia Clark

"É o espectador que realiza a obra". Marcel Duchamp

"Ver um mundo num grão de areia". William Blake

"Fui à floresta porque queria viver profundamente... e sugar a essência da vida". Thoureau

Museu do Olho. Curitiba, 23 de fevereiro de 2008.

HAI KAI

Hai Kai - "É um poema sintético com a menor forma de traduzir em palavras o sentimento que vai na alma ... é o leitor que faz da imperfeição ... uma perfeição de arte ... é uma obra aberta". Yone Noguchi - The spirit of japonese poetry.

NOTAÇÕES