Tudo falava com a gente. Eram os bichos. Era... Qualquer coisa. Nos começo. No tempo dos pagão. Dizem... A gente não podia brincar aí no mato e dize assim: ah, eu queria vê uma mulher hoje vim dormir comigo. Se aparecia. Eu queria vê o fulano, se aparecia. Eu não posso dizer que é verdade porque não vi, mas muitos contavam. Eu sempre escutava as histórias que os velhos contavam. Os bichos falavam. Eu não posso dizer que é mentira, nem posso dize que é verdade, porque eu nunca vi. Mas muitos antigos falavam, conversavam que todos os bichos... Ia no mato se dize assim: a coruja falasse, cantasse... Que tem uma coruja que grita igual um homem no mato de noite. O sapo Cunauaru diz que é feiticeiro. A Curupira ela se apresentava. A guariba também. Tudo que existe no mato eu ouvi fala que... A gente não podia fala nada em brincadeira. A guariba moqueada ela cuidava da casa do cara. Transformava em mulher. Cuidava das coisas dele. Lavava roupa dele, fazia comida, varia a casa, fazia café. E nunca que ele descobria quem era. Até que um dia ele se escondeu e viu que ela saia dum paneiro pra faze as coisas pra ele. Aí que ela quis se espantar... Tinha agarrado ela e... Aí ela foi fico mulher dele. Aí o que acabo com todo plano dele foi dele achar graça da família dela. Ela disse: olha eu gosto muito de ti, mas eu tenho certeza que eu quero te levar lá com meus parente, mas... não vai dar certo. Eu tenho certeza que nós vamos se deixar nesse dia porque tu vai achar graça da minha família. Que a guariba, antes dele começar a comer, ele tem que rezar e antes que dormir tem que reza. Ele achou graça porque eram os macacos sentados e cantando. Quando o bicho... Quando o bicho começou a cantar ele achou graça... Que ele presto atenção ele estava no galho de um angelinzeiro muito alto. E aí como é pra ele desce? O capelão desceu ele. Mas ele desencatou a filha dele. Quer dizer a filha dele ficou do mesmo jeito encantada. E são essas coisas.
(Rui - Comunidade de Paraíso/Rio Tapajós)
Paragem para digitoscritar vislumbres, ideações, miradas e audições.
terça-feira, 19 de junho de 2007
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Foto: Renata Enz Rino
QUEM SOU EU
- Joaõ Valentin Wawzyniak
- Londrina, Paraná, Brazil
- Antropólogo e professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina. Agrada-me pintar, fotografar, ler e escrever.
ARTE
"O mesmo objeto pode expressar significados diferentes para diferentes sujeitos, ou para um mesmo sujeito em diferentes momentos... É a relação com a fantasia do sujeito que o objeto relacional se define... " Lygia Clark
"É o espectador que realiza a obra". Marcel Duchamp
"Ver um mundo num grão de areia". William Blake
"Fui à floresta porque queria viver profundamente... e sugar a essência da vida". Thoureau
Museu do Olho. Curitiba, 23 de fevereiro de 2008.
"É o espectador que realiza a obra". Marcel Duchamp
"Ver um mundo num grão de areia". William Blake
"Fui à floresta porque queria viver profundamente... e sugar a essência da vida". Thoureau
Museu do Olho. Curitiba, 23 de fevereiro de 2008.
HAI KAI
Hai Kai - "É um poema sintético com a menor forma de traduzir em palavras o sentimento que vai na alma ... é o leitor que faz da imperfeição ... uma perfeição de arte ... é uma obra aberta". Yone Noguchi - The spirit of japonese poetry.
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- HAI KAI
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