sábado, 26 de abril de 2008

hai mundo

no espelho vi olho

cansado de olhar mundo

só mundo e mundo

RECICLAGEM CRIATIVA



Armadilhas confeccionadas por moradores da Prainha do Tapajós para pesca de camarão. Mudam os materiais, mantém-se a estrutura.
Gil Serique, escrevendo de Santarém, observa que se trata de "reuso criativo" e não propriamente reciclagem.

AGUARDANDO

tempo
tempo
tempo

quanto tempo

tempo dirá

Padroeira

Santa Filomena, padroeira da Prainha do Tapajós. Conforme relato dos moradores, a imagem foi doada a capela, na década de 1940, pelo proprietário da usina de extração de essência de pau-rosa, então instalada na comunidade. De lá sairam muitos tonéis dessa essência usada para fabricação do Chanel 5.

terça-feira, 15 de abril de 2008

COLEÇÃO

ENTRE FRASCOS DE POÇÕES OU MORADA DE ENCANTADOS UMA LATA DE GUARANA JESUS

REFRIGERANTE EMBLEMÁTICO

DESDE 1998 QUANDO VISITEI O MARANHÃO MANTENHO NA MINHA ESTANTE DE FRASCOS UMA LATA DESSE REFRIGERANTE.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

AVÔ BRINCANDO COM AS NETAS


bem humoradas
as netas examinam
careca do avô

poeta polaco

Polaly sie lzy me czyste, rzesiste,
Na me dziecinstwo sielskie, anielskie,
Na moja mlodosc górna i durna,
Na mój wiek meski, wiek kleski.
Na mój wiek meski, wiek kleski.
Polaly sie lzy me czyste, rzesiste...
(1839)


Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas,
Na minha infância campestre, celeste,
Na mocidade de alturas e loucuras,
Na minha idade adulta, idade de desdita;
Choveram-me lágrimas limpas ininterruptas...
(1979)


adam mickiewicz
tradução do polonês: paulo leminski
Polonaises
Curitiba 1980

CORAÇÃO DE POLACO

meu coração de polaco voltou
coração que meu avô
[meu pai no meu caso]
trouxe de longe pra mim
um coração esmagado
um coração pisoteado
um coração de poeta
paulo leminski

KATYN

WAJDA FAZ PARTE DA MINHA INFÂNCIA

KATYN - OUVI NA MINHA INFÂNCIA






"Gostaria que "Katyń" fosse um filme-alegoria", disse o cineasta Andrzej Wajda, durante simpósio internacional em Los Angeles, neste sábado, sobre os filmes estrangeiros nominados ao Oscar. No encontro que ocorreu no hollywoodiano Samuel Goldwyn Theater eram apresentados alguns minutos dos filmes nominados e em seguida os representantes destas produções respondiam perguntas dos participantes.Wajda falou entre outras coisas, que depende dele que "Katyń" não esteja baseado nas atuais relações Polônia e Rússia, mas sublinhou que a realização do filme foi determinado pelo tema que relata o massacre de 40 mil oficiais polacos pela União Soviética durante a segunda guerra mundial. Ele não gostaria de despertar novos antagonismos entre a Polônia e a Rússia, mas era preciso contar esta história que foi silenciada durante o último meio século, nos dois lados da cortina de ferro - tanto no Ocidente como no Leste Comunista. "É importante, lembrar que estes assassinatos foram cometidos contra a inteligência polaca. Stalin queria eliminar a elite intelectual polaca que existia no país. Por isto é tal e profunda, a dor. "Wajda lembrou ainda que o tema deste filme é bastante pessoal e doloroso para ele. Seu pai Jakub morreu em Katyń e sua mãe até o fim teve esperanças que o marido estivesse na lista dos sobreviventes deste terível massacre. "Esta é a verdadeira história da minha família." acrescentou o cinesta polaco."Katyń" como um dos cinco nomiados na categoria filme estrangeiro é o único que ainda não tem distribuidora nos Estados Unidos. "Mas quem sabe amanhã isto aconteça... mas quem sabe!" disse Wajda.
Conheci um sobrevivente amigo do meu pai, que um dia disse-me: "Eu não tenho medo do inferno. Eu já estive nele". Este "tio" foi levado como prisioneiro para a Sibéria de onde conseguiu fugir. Vivia em Curitiba como porteiro de um prédio. Atormentado, mantinha armas sob o travesseiro. Outra lembrança é mais pueril. Ele comprou-me um picolé quando fomos visitá-lo em sua casa. Não sei se ainda está vivo ou foi para Alheres do Sul.
Dolina zwierząt ciemna tak, że giną drzewa,
A cisza jest jak okna dalekiego blask.
Czai się w niej zagłady, ognista ulewa,
Księżyc dzwoni za chmurą jak nad grobem kask.

Vale dos animais está tão escuro, que as árvores estão sumidas.
E o silêncio é tal qual o resplendor de uma janela distante
Encanta-se nela extermínio, ardente de uma tormenta
A Lua clama atrás das nuvens tal qual próxima ao elmo sepulcral

Stanisław Skoneczny
Tradução: Ulisses Iarochinski

hai kai

ouvir lembranças
músicas polonesas
tapajônico eco

Estante da casa de polaco tapajônico

Discretas similaridades diacríticas
Interior da casa de imigrantes poloneses no interior do Paraná
Foto: João Urban

Polaco no Tapajós

Cassimiro Dombrowsky, filho de polaco, nasceu numa pequena propriedade rural do interior de Santa Catarina e, como muitos, acreditando na proparganda do governo, foi tentar a sorte nos projetos de colonização na Amazônia. Chegou a ter um modulo na Transamazônica, mas as precárias condições obrigaram-no, juntamente com a família, a procurar por novos lugares. Chegou ao Tapajós no início da década de 1980, indo morar na comunidade Nuquini situada a margem esquerda do rio. Como o lote que ocupava ficava distante do rio resolveu transferir-se para outra. Mudou-se então para a margem direita onde fixou residência em Acaratinga, à época denominada Caxiricatuba. Polaco, como é conhecido entre os ribeirinhos tapajônicos, tornou-se uma liderança política no enfrentamento com o Ibdf no período que o órgão federal pretendia retirar os moradores tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós. A partir da avaliação do fracasso dos projetos de colonização por onde passou resolveu optar por viver de acordo com o estilo de vida dos ribeirinhos. Engerou-se em caboclo sem perder a polonidade que cultiva falando em polonês com os filhos. Muito brincalhão e um grande contador de "mentiras" sempre me cumprimentava em polonês quando nos encontravamos. Seus filhos casaram-se com mulheres caboclas. Carlos Dombrowsky, filho mais velho, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém e posteriormente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Belterra. Na foto vemos Polaco, sua esposa, o filho mais novo, noras e netos.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

MÚLTIPLOS ARQUIVOS


na floresta reduzida
a formulários e fichas
extravia-se o vivente
helena kolody

quarta-feira, 2 de abril de 2008

SEM AVISO
O VENTO VIROU
UMA PÁGINA DA VIDA
HELENA KOLODY

Foto: Renata Enz Rino

QUEM SOU EU

Londrina, Paraná, Brazil
Antropólogo e professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina. Agrada-me pintar, fotografar, ler e escrever.

ARTE

"O mesmo objeto pode expressar significados diferentes para diferentes sujeitos, ou para um mesmo sujeito em diferentes momentos... É a relação com a fantasia do sujeito que o objeto relacional se define... " Lygia Clark

"É o espectador que realiza a obra". Marcel Duchamp

"Ver um mundo num grão de areia". William Blake

"Fui à floresta porque queria viver profundamente... e sugar a essência da vida". Thoureau

Museu do Olho. Curitiba, 23 de fevereiro de 2008.

HAI KAI

Hai Kai - "É um poema sintético com a menor forma de traduzir em palavras o sentimento que vai na alma ... é o leitor que faz da imperfeição ... uma perfeição de arte ... é uma obra aberta". Yone Noguchi - The spirit of japonese poetry.